Estreia oportuna, o filme Corpolítica, que tem direção e roteiro de Pedro Henrique França, traz um acompanhamento das candidaturas de quatro pessoas LGBTQIA+ nas eleições de 2020. São personagens do filme a vereadora de São Paulo Erika Hilton (Psol), a então candidata a vereadora pelo Rio de Janeiro Andreá Bak (Psol), a vereadora do Rio de Janeiro, Mônica Benício (Psol) e o candidato a vereador por São Paulo, William de Lucca (PT).
Para o diretor Pedro Henrique França, é necessário continuar discutindo sobre a presença dos corpos LGBTQIA+ nas estruturas de poder. “Nenhuma lei, das poucas e muito recentes leis de proteção e direitos à população LGBTQIA+, saiu até hoje do Congresso Nacional. Tudo o que tivemos veio do Judiciário por omissão do legislativo. Representamos hoje, mesmo com uma sensação de progresso, apenas 0,16% dos cargos eletivos brasileiros. Corpolítica quer trazer esse debate para a sociedade, despertar novos corpos a entenderem que é a partir da política que faremos as mudanças necessárias e fazer um chamamento à diversidade na prática, para além do discurso”. O filme possui os recursos de acessibilidade legendas, audiodescrição e janela de Libras através do aplicativo MobiLOAD.
Uma das grandes estreias do ano do circuito brasileiro, o insólito EO, do grande diretor polonês Jerzy Skolimowski, permanece em cartaz. O filme é uma homenagem do cineasta a um clássico do francês “Au Hasard Balthazar”, do extraordinário Robert Bresson. Para o crítico José Geraldo Couto, que assina o blog de cinema do site do Instituto Moreira Salles/IMS, “EO é o que o cineasta Rogerio Sganzerla por certo chamaria de ‘um filme de cinema’. Assim como ocorria no clássico de Bresson, o olhar do burro ilumina criticamente o comportamento humano no mundo contemporâneo, o sentido – e principalmente – a falta de sentido – de suas ações”.
EO é um burrico cinza de olhos melancólicos. Na sua jornada ele conhece pessoas boas e más: após deixar o circo, percorre Polônia e Itália, experimenta alegria e dor, transforma sua sorte em desastre e seu desespero em uma inesperada felicidade. Mas nem por um momento perde sua inocência.
Um dos grandes diretores do cinema europeu, Jerzy Skolimowski nasceu em 1938, em Lódz, na Polônia. Cineasta, roteirista, poeta, dramaturgo, pintor e ator, Skolimowski se formou em Etnologia, Literatura e História na Universidade de Varsóvia, em 1959. Depois, em 1962, se graduou em direção na Lodz Film School, a mesma também cursada pelos seus compatriotas Jerzy Kawalerowicz e Wojciech Has – para citarmos apenas dois dos fundadores da chamada “nouvelle vague” polonesa.
Skolimowski dirigiu 19 longas nos últimos 63 anos de carreira. Recebeu o Urso de Ouro no Festival de Berlim pelo filme “Le Départ”, em 1967; e o Grande Prêmio do Júri do Festival de Cannes por “O Grito”, em 1978. Em 1982, com “Moonlighting”, protagonizado por Jeremy Irons, venceu o Prêmio de Melhor Roteiro em Cannes. Outra de suas grandes obras, “O Ato Final” (1970) foi considerado um dos maiores filmes da década.
Posteriormente, em 2008, ano que marca o seu retorno à realização depois de 17 anos, Skolimowski apresentou “Quatro Noites com Anna” na Quinzena dos Realizadores, do Festival de Cannes. Em 2011, com “Essential Killing”, protagonizado por Vincent Gallo, venceu o Grande Prêmio do Júri na Mostra de Veneza. Com EO, lançado em Cannes em 2022, recebeu, além do Prêmio do Júri, a indicação ao Oscar de Melhor Filme Internacional.
O curta-metragem Escola Sem Sentido, uma produção do DF, dirigida por Thiago Foresti, será exibido na mesma sessão do polonês EO, seguindo com o compromisso de semanalmente exibir um filme da Seleção de Curta-metragem da Chamada Pública do Cine Brasília acompanhando um longa programado.
Vencedor dos prêmios Melhor Longa-metragem, Melhor Fotografia, Melhor Edição de Som e Melhor Montagem do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro em 2022, o documentário “A Invenção do Outro”, de Bruno Jorge, terá uma sessão especial no dia 12 de junho, às 19h, marcando a abertura do Fórum Internacional sobre a Amazônia. Após a sessão haverá um debate com as presenças de Pablo Gonçalo, professor da Faculdade de Comunicação da UnB; das antropólogas Iara Pietricovsky e Delvair Montagner e de Manoel Pereira de Andrade, coordenador do NEAz/CEAM.
A Invenção do Outro ganha densidade ainda maior agora quando se discute o Marco Temporal e tantas outras questões relacionadas aos povos originários. O filme ganha contornos de prenúncio trágico ao documentar uma das últimas expedições do indigenista Bruno Pereira. Ele e o jornalista inglês Dom Phillps seriam brutalmente assassinados tempos depois em plena selva amazônica. Bruno, o cineasta, já planejava outro filme com o Bruno indigenista. A Invenção do Outro acompanha a equipe da FUNAI na maior expedição das últimas décadas, realizada em 2019.
O filme é uma incrível aventura antropológica sobre o contato com povos isolados. Nunca antes o cinema documentou com tal minúcia o assunto. Trata-se, portanto, de uma obra extraordinária e definitiva sobre o assunto. A missão de encontrar e estabelecer o primeiro contato com esse grupo de indígenas isolados da etnia Korubos era uma tarefa delicada em virtude das possíveis enfermidades levadas pelos membros da missão. Por esta razão, a equipe contava com médico, enfermeira, funcionários da Funai e ainda com o auxílio de alguns Korubos anteriormente contatados. Era necessário que todos os envolvidos estivessem sadios, sem qualquer enfermidade, quando fosse realizado o contato com os que seguiam solitários na floresta.
PARA CRIANÇAS
A sessão infantil do Cine Brasília exibirá Super Mario Bros – O Filme, animação de grande sucesso, dirigida por Aaron Horvath e Michel Jelenic. O longa é uma adaptação da série de videogames Super Mario Bros. O filme é dublado possui os recursos de acessibilidade legendas, audiodescrição e janela de Libras através do aplicativo MobiLOAD.
FESTIVAL LGBTQIA+
Ao trazer para as suas telas o VIII Festival Internacional de Cinema LGBTQIA+, o Cine Brasília reafirma seu compromisso e engajamento com as agendas afirmativas da sociedade. A diversidade de gênero vem se tornando cada vez mais presente nas produções audiovisuais. Trata-se de uma demanda do próprio público: recente pesquisa da Parrot Analytics, empresa global de análise de conteúdo, identificou a diversidade como um assunto prioritário das pautas de comportamento. A mesma pesquisa mostrou que a forma como ela é representada nas produções audiovisuais faz diferença na maneira como as pessoas abordam o assunto.
O Festival, com duas sessões diárias, às 19h e 21h e exibirá 14 filmes. A iniciativa é um esforço conjunto das Embaixadas da Alemanha, Bélgica, Canadá, Chile, Dinamarca, Espanha, Finlândia, França, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Nova Zelândia, Noruega, Países Baixos, Portugal, Reino Unido e Suécia. A exibição da produção francesa de 2022, Três Noites Por Semana, de Florent Gouëlou, marca a abertura do evento no dia 8 de junho, com coquetel a partir das 18h.
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