Uma semana rica, repleta de atrações, com mostras, sessões especiais e estreias no Cine Brasília. Uma programação que a abraça a diversidade e inclusão, como é o caso da mostra A Tela Negra, que festeja o mês da “consciência negra”, trazendo quatro obras recentes do cinema brasileiro, realizadas por diretores negros e com elenco também composto por atores e atrizes negras. São filmes com temática e tratamento inteiramente distintos, produzidos em diferentes regiões, como é o caso de Branco Sai, Preto Fica, de Brasília, Café Com Canela, da Bahia, além de Temporada e Marte Um, os dois últimos de Minas Gerais, estado que se afirma como uma das forças renovadoras do cinema brasileiro, a partir de 25 de novembro. Em virtude dos jogos do Brasil na Copa do Mundo, não haverá sessões nos dias 24 e 28.

Crimes de Família, em sessão especial promovida pela Embaixada da Argentina e exibida dia 25/11, tem no papel a protagonista Cecilia Roth, uma das grandes estrela de seu país. Este ótimo filme traz a oportuna e urgente questão da violência contra a mulher. Para criar a trama de seu filme, o diretor Sebastián Schindel pediu a alguns amigos advogados que lhe enviassem casos de crimes de violência doméstica, feminicídio e assédio no trabalho. Depois de analisar vários casos, selecionou dois deles, retratados no filme, e que não tinham qualquer relação um com o outro, criando na trama alguns personagens e fatos fictícios para unir as histórias, e dar consistência à obra.

Nossas duas estreias da semana são tão distintas quanto interessantes, e vão até 30 de novembro. A primeira delas, Serial Kelly é uma deliciosa comédia que marca a estréia da cantora Gaby Amarantos como protagonista no cinema. Incisivo e transgressor, o longa tem roteiro assinado pelo diretor René Guerra e por Marcelo Caetano. A intenção dos dois foi construir uma personagem “feminina forte, dona de si, senhora dos seus desejos”, enfim, “empoderada”. Segundo os autores, “Kelly é uma estrela em ascensão, e a primeira serial killer feminina do Brasil”. O filme pontua todas as agruras e angústias sofridas pelas mulheres quando tentam se afirmar no mercado de trabalho. “Ela ama comer, transar e matar. Mas nem tudo está na superfície. Existem marcas nessa personagem trágica e na relação entre as mulheridades do filme que deixam o longa no limiar entre a tragédia e a comédia”, explica o diretor. Dito isso, não há muito mais o que dizer.

Por fim, Enquanto Estamos Aqui, é uma obra inteiramente experimental onde a diretora Clarisse Campolina, ao lado de Luiz Pretti, co-diretor, fazem um “road movie” lírico aventuroso, se é que podemos chamar assim, por várias capitais do mundo e do Brasil, através de retalhos de imagens, de memórias, enfim, o filme é uma proposta de viagem filosófica e existencial para o espectador. O desconcertante enredo narra uma história de amor, com um tortuoso percurso de encontros e desencontros, entre a libanesa Lamis e o brasileiro Wilson. Percurso entre continentes: o Ocidente e o Oriente, tudo isso imiscuído numa linguagem narrativa que privilegia som e imagem. Os dois protagonistas nunca são vistos, escutamos suas vozes e uma narração off literária sobre os sentimentos experimentados.

Os ingressos para as sessões que acontecem ao longo da semana podem ser comprados pelo site ingresso.com , e também nas bilheterias do Cine Brasília, no momento da exibição. Nos próximos 12 meses, a casa do cinema brasileiro ganha nova gestão, fruto de parceria entre a OSC Box Cultural e a Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal. Sob a direção geral de Sara Rocha e a curadoria de Sérgio Moriconi, o espaço cultural celebra o início de um novo ciclo.

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