Entre 2 e 8 de março, o Cine Brasília celebra o Dia Internacional das Mulheres, apresentando sete longas e quatro curtas, dos mais variados temas e contextos. O data, que teve origem no movimento operário e se tornou um evento anual reconhecido pela Organização das Nações Unidas, teve a primeira semente plantada dia 08 de março de 1908, quando 15 mil mulheres marcharam pela cidade de Nova York exigindo a redução das jornadas de trabalho, salários melhores e direito ao voto. Um ano depois, o Partido Socialista da América declarou o primeiro Dia Nacional das Mulheres. A proposta de tornar a data internacional veio de Clara Zetkin, ativista comunista e defensora dos direitos das mulheres.
As mulheres são várias e é isso que a mostra TODAS AS MULHERES vai demonstrar aos amantes da sétima arte. Filmes como Raquel 1.1, de Mariana Bastos, A Felicidade das Coisas, de Thais Fujinaga, Temporada, de André Novais, Paloma, de Marcelo Gomes, Medusa, de Anita Rocha da Silveira, Lilith, de Bruno Safadi, Clarice Lispector: A Descoberta do Mundo, de Taciana Oliveira, A Garota Radiante, de Sandrine Kiberlain, além do média-metragem Me Farei ouvir, de /Bianca Novais e Flora Egecia, e dos curtas Escasso, de Clara Anastácia e Gabriela Gaia Meireles, À Tona, de Daniella Cronemberger e, finalmente, O Mistério da Carne, de Rafaela Camelo, reafirmam a diversidade da temática. Cinco deles em sessões de pré-estreia, inéditos em Brasília.
O Cine Brasília mantém em cartaz o extraordinário Mato Seco em Chamas, dirigido por Adirley Queirós e Joana Pimenta. O filme foi exibido em dezenas de festivais internacionais e nacionais, amealhando aplausos, prêmios e críticas super favoráveis. O filme tem um enredo surpreendente e dialoga de forma devastadora com alguns dos acontecimentos políticos dos últimos anos no país. Um pouco da origem do filme se dá quando Adirley toma conhecimento de uma reportagem do jornal O Globo sobre a favela Sol Nascente, que, na ocasião, caminhava “para se tornar a maior do Brasil”. A favela, segundo o texto, havia surgido no começo dos anos 2000, quando uma “invasão” se formou no meio do mato, “nos confins de Ceilândia, a maior cidade-satélite de Brasília.
Outro filme que compõe a nossa programação é Andança – Os Encontros e as memórias de Beth Carvalho. Remanescente da semana anterior, a obra traz um importante protagonismo feminino. A cantora, que ajudou a tirar do anonimato muitos dos maiores sambistas da nossa história, foi criada na zona sul do Rio de Janeiro em uma família de classe média. Apesar de ter começado a cantar influenciada pela Bossa Nova e a tocar violão, ouvindo os acordes de João Gilberto, Elizabeth Santos Leal de Carvalho se consagrou no samba. Fã de Clementina de Jesus e Elizeth Cardoso – cantoras para quem dedicou seu primeiro álbum de samba (“Canto Por um Novo Dia”) – Beth se entregou aos ritmos da periferia e mudou a história do gênero musical mais popular do país. Além de sua atuação como cantora, esta torcedora fanática do Botafogo foi uma ardorosa militante, engajada nas mais diversas causas políticas progressistas.
Muito da riqueza de Andança – Os Encontros e as memórias de Beth Carvalho se dá pelo fato de Beth Carvalho – cinegrafista amadora – ter registrado as festas em família e os pagodes que freqüentava. Tudo isso deu origem a mais de 2000 horas de registros audiovisuais, decupados pelo diretor Pedro Bronz e roteirizados por ele com o auxílio do especialista em samba Leonardo Bruno.
Para as crianças, permanece em cartaz o delicado Perlimps, animação que dá prosseguimento ao compromisso do cinema de oferecer filmes infantis. Obra de Alê Abreu, o mesmo realizador de O Menino e o Mundo, esta fábula não poderia ser mais oportuna: Claé (voz de Lorenzo Tarantelli) é uma jovem criaturinha do Reino do Sol parecida com uma raposa, mas que, na real, é um agente infiltrado na floresta, com a missão de captar os sinais e descobrir a localização dos Perlimps, únicos seres capazes de barrar o avanço do Capitão Dourado e da grande inundação, que ameaça a estabilidade da floresta.
Curtiu a programação? acompanhe os horários no site e aproveite para assistir importantes obras do audiovisual brasileiro ao longo da semana. Desde 2022, a casa do cinema brasileiro possui uma nova gestão compartilhada entre a OSC Box Cultural e a Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal. O espaço cultural segue sob a direção geral de Sara Rocha e curadoria de Sérgio Moriconi.