Segue em nossa programação a produção brasileira “Memória Sufocada”, documentário de Gabriel Di Giacomo que discute o momento político brasileiro sob a influência desestabilizadora das fake news, e “Garota Radiante”, aplaudida produção francesa.

Para o público infantil, o Cine Brasília exibe em dias intercalados as encantadoras animações “ Perlimps” e “O Grande Mauricinho”

 

Em sua segunda semana de exibição, o documentário Memória Sufocada procura fazer uma reflexão sobre o período da Ditadura Militar, sob a perspectiva de como ela foi e permanece nos dias de hoje, construída na memória das pessoas. Destaca-se que o diretor Gabriel Di Giacomo conseguiu o fato inédito de ser a primeira pessoa, junto com sua equipe, a filmar dentro do DOI-CODI de São Paulo. Memória Sufocada procura olhar a história da Ditadura Militar e a tortura no Brasil a partir da perspectiva do presente. Buscas na internet mostram narrativas distintas do passado, mas que iluminam os dias de hoje.

Uma das principais premissas do filme é a de que a informação e a desinformação estão ao alcance de todos. Muitos fatos são construídos nas redes sociais e a realidade é cada vez menos nítida. O filme indaga qual é a verdade histórica e como os fatos podem ganhar novas narrativas com o passar dos anos. Na década de 1960, setores da elite brasileira, com o apoio da mídia, plantaram diversas fake news sobre a situação do país para conseguir levar os militares ao poder. O discurso oficial pregava a urgência em evitar o avanço comunista no Brasil, “proteger a pátria e a família” e acabar com o caos social. O longa conta com um rico material, que foi encontrado hospedado na internet, tornando-se uma regra para a estruturação do filme. Só conteúdos que estavam disponíveis para qualquer internauta estão na edição de Memória Sufocada. A partir disso, são revelados os horrores da Ditadura Militar no Brasil.

A Garota Radiante, aclamada produção francesa, é um filme que trata de uma dura realidade com notável delicadeza e sutileza. Impressiona a estréia na direção da grande atriz francesa Sandrine Kiberlain. O filme fez uma exibição de sucesso na Semana da Crítica do Festival de Cannes de 2021. A personagem do título é a jovem judia Irène, magnificamente interpretada por Rebecca Marder. A jovem de 19 anos desperta para o mundo numa circunstância dramática, no verão de 1942, quando a França está ocupada por nazistas. Ela está descobrindo o amor e o prazer de viver e sonha em ser atriz. Kiberlain, em entrevistas, disse que começou o roteiro imaginando a vida das personagens. Queria capturar um momento histórico de uma forma muito pessoal. Há muitos aspectos do filme baseados na vida de sua família judia, especialmente na de seu avós. No processo, muito da sua vida particular e familiar acabou se tornando uma referência.

Seguem em cartaz, O Rio do Desejo, Raquel 1.1 e Fique Comigo. O primeiro, O Rio do Desejo é baseado no conto O Adeus do Comandante, de Milton Hatoum e tece uma trama onde a personagem de Dalberto, comandante de um barco, transporta um passageiro misterioso vivido pelo extraordinário ator peruano Coco Chiarella, que faleceu de covid, aos 77 anos, logo após as filmagens, em 2021. O enredo do filme segue a longa e arriscada viagem de Dalberto pelo rio Negro até Iquitos, no Peru, com o propósito de amealhar recursos extras para realizar o sonho da mulher, Anaíra, com quem acabara de se casar. No elenco, estão também Sophie Charlotte e Daniel Oliveira.

Raquel 1.1 é um interessante filme de suspense/terror que discute religiosidade, cultos evangélicos sob a ótica do radicalismo de nossos tempos. O filme transita pelo cinema de gênero de forma altamente eficaz. O contexto é uma pequena cidade do interior. A diretora Mariana Bastos nos dá uma ótima contextualização da história no momento mesmo em que a protagonista e sua família chegam numa pequena cidade e encontram um grupo de religiosas adolescentes fanáticas. O filme possui acessibilidade em libras, legenda e audiodescrição através do aplicativo Mobi LOAD (baixe o app aqui).

Fique Comigo, de Samuel Benchetrit, permanece como parte da homenagem  que o Cine Brasília presta a atriz Isabelle Huppert que, em março passado, completou 70 anos.

No projeto de exibição de curtas-metragens antes de um longa, esta semana o Cine Brasília exibe Oriki Para Perder o Medo do Mar, de Izzi Vitorio.

Por fim, Perlimps volta ao cartaz ao lado de O Grande Mauricinho, ambos como as grandes atrações das nossa sessão infantil da semana. Os dois filmes possuem acessibilidade em libras, legenda e audiodescrição através do aplicativo Mobi LOAD (baixe o app aqui).

Curtiu a programação?  Acompanhe os horários no site e aproveite para assistir importantes obras do audiovisual ao longo da semana. Desde 2022, a casa do cinema brasileiro possui uma nova gestão compartilhada entre a OSC Box Cultural e a Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal. O espaço cultural segue sob a direção geral de Sara Rocha e curadoria de Sérgio Moriconi.

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